O mercado de games indies é um assunto que eu gosto muito, ao ponto dele ter sido um dos temas da minha monografia, por isso fiquei deveras feliz ao ver Sony e Microsoft abrindo espaços para os desenvolvedores emergentes nos consoles da próxima geração. na E3 2014 foi gold. Afinal, Square Enix, Activision e tantas outras grandes não nasceram grandes.

Entretanto, no momento em que os indies passaram a ser um dos focos da indústria, o assédio aumentou, as cobranças aumentaram, e as discussões foram elevadas à quinta potência. É nessa historieta que entra Phill Fish, criador de FEZ, game-sucesso que já vendeu 1 milhão de unidades e é protagonizado pelo simpático Gomez.

Sua produtora, a Polytron, não possui um grande porte e como eu e você sabemos, a comunidade gamer tem o dom de fazer muito barulho por nada, exagerando e perdendo a mão diariamente. Phill, por sua vez, também é famoso por ser um cara que reclama de tudo, diz o que pensa, discute com fãs via Twitter e não leva desaforo pra casa, o típico Super Sincero made in Globo. E foi a fragilidade desse relacionamento que culminou numa decisão séria.

Fish recentemente foi alvo de um grupo de crackers que invadiram sua conta no microblog, dados da conta do PayPal e bancários da Polytron. Quando finalmente restabeleceu o acesso a sua conta na rede social, deu a seguinte notícia:
"Gostaria de anunciar que a Polytron e os direitos sobre FEZ estão à venda. Todas as ofertas razoáveis serão avaliadas. Estou farto, quero sair".
Diversos sites (incluindo o Super Efetivo) não tiveram a oportunidade de printar a informação, pois Fish encerrou a sua conta logo após plantar a bomba com sucesso. O mesmo destino teve o site da Polytron, deixando os fãs (se possível) ainda mais distantes de qualquer possibilidade de Fez 2, cuja produção já havia sido negada pelo próprio com o argumento de que não o merecemos.

Mesmo assim Fish respondeu inúmeras e inúmeras vezes a mesma pergunta, por que nós somos teimosos, surdos, cegos e imaturos demais pra nos contentarmos com um não, cenário duplamente triste que me faz refletir seriamente: Fish é uma pessoa complexa, que não deve nada a ninguém (por assim dizer). Ele não precisa aguentar os pitis que Sony e Microsoft precisam para manter as vendas e manobrar o público. Esse, por sua vez, ainda é imaturo demais ao encarar a indústria de jogos indies. Imaturo e infantil.

Não digo que Phill errou. Tal como falei, ele não é exatamente obrigado a aguentar tudo isso. É verdade, faltou foco e talvez vontade de saber separar as críticas e fazer o live and let die, ignorando quem só quer atrapalhar e focando nas pessoas realmente interessadas. FEZ é um fenômeno dentro da sua simplicidade-nem-tão-simples-assim. Já vi gente comparar o prazer de jogar o game com Ocarina of Time, o que não é pouca coisa.

Phill e FEZ não passaram desperbecidos nem do criador de Gears of War.

Estamos vendo os ataques crackers a PSN (nooovamente), Xbox Live, e agora mais esse. Tal como falei em outro post e insisto, discutimos demais, resolvemos de menos, curtimos menos ainda. Estamos tornando os videogames, uma atividade milernarmente conhecida como tira-stress, um ganha-stress.

Não tá fácio pra ninguém.