Já faz algum tempo que a Ubisoft anda causando discussões por conta de uma das suas franquias mais famosas. Assassin's Creed tem roteiros com uma forte base histórica, uma trilha belíssima e sempre foi produzido com o com ares de game-cinema, basta ver a intro screen de Assassin's Creed III que sim, é capaz de invocar suor dos olhos dos gamers.

Entretanto, os anos trouxeram os poréns. O mais recente ficou por conta de Assassin's Creed: Unity e a questão da representação feminina, com uma explicação por parte da desenvolvedora que só inflamou um tema muito, mas muito delicado de se debater. Agora com sua mais nova produção a Ubi novamente virou o centro das atenções.

Assassin's Creed: Rogue será o último título a sair para a velha geração de consoles, pois Unity será lançado apenas para Playstation 4, Xbox One e PCs. Na trama da vez passamos pelo século XVIII, ano de 1751, durante a Guerra dos Sete Anos, que você pode saber mais nesse link. Como protagonista teremos Shay Patrick Cormac, nada menos que um cavaleiro templário, fato inédito na série.

Shay deixa a Ordem dos Assassinos após uma missão fracassada e com isso é traído pelos próprios irmãos membros, que tentam tirar a sua vida. Aos poucos ele passa por uma lenta transformação que o torna o maior e mais temido caçador de assassinos na história, ou traduzindo, um templário. Shay emtão parte com seu navio pelas águas geladas do Oceano Atlântico Norte para destruir aqueles que um dia chamou de irmãos.


Ponto pra Ubisoft que produziu o game para ser o capítulo mais sombrio da franquia. Já era hora. Após o arco de Assassin's Creed: Brotherhood senti que a franquia se estabeleceu, fidelizou o público, mas também passou a sofrer de comodismo dentro da fórmula roteiro histórico > protagonista assassino > templários vilões. Houveram inovações de todo o tipo, porém dentro dessas três linhas. Por isso em termos de roteiro eu admiro a atitude.

Shay estará equipado com um rigle que poderá ser usado em longas e curtas distâncias, tendo a posibilidade de distrair, eliminar e até mesmo confundir os inimigos com uma variedade de munições, incluindo granadas especiais. Outra novidade é o "olho de águia", habilidade que Shay terá para identificar os assassinos no meio da multidão, nas sombras ou no alto dos prédios, anulando uma de suas especialidades.

Interessante, não?

Os combates navais, que fizeram enorme sucesso em Assassin's Creed: Black Flag, estarão de volta e com melhorias: o jogador embarcará no navio The Morrigan, e diferente do que acontece em Black Flag o objetivo não será atacar, mas sim defender. Shay deverá defender seu barco e sua tripulação do ataque dos assassinos rapidamente para evitar grandes números de baixas.


Arrá! Outro ponto a favor. Crescemos aprendendo que "a melhor defesa é o ataque", e essa ideia ficou tão enraizada nas nossas cabeças que não me espantou ver as reações negativas com o trailer. O foco defesivo de "Rogue" me faz arriscar que não apenas o laço do jogador com os assassinos será questionado, mas também essa visão de mundo.

Para ajudar na defesa do navio, novas armas foram implementadas: barris com óleo capazes de deixar rastros de fogo e queimar navios inimigos, e uma pequena metralhadora que promete ser muito útil em ataques contínuos. O ambiente dos mares congelados da América do Norte também será usado: destruir icebergs para coletar itens ou usar o gelo para se esconder de navios inimigos será uma possibilidade.


Com um mundo aberto totalmente explorável, Shay poderá se aventurar em três regiões: o Oceano Atlântico Norte, The River Valley e a cidade de Nova York, sendo esse o fechamento da trilogia da América do Norte. Especula-se também que de alguma forma Shay possa estar ligado ao Unity, visto que ambos (apesar das diferenças geográficas) se passam durante períodos da história francesa.

Assassin's Creed: Rogue tem tudo para ser interessante, mesmo com as reações dos jogadores, indignados pelo fato do templário protagonista apesar de entender o protesto, fico decepcionada. Estamos muito mal acostumados a criticar sem refletir. Centenas de pessoas reagiram mal tão somente com um trailer, e já decretaram ódio eterno a Ubisoft, ódio esse que vai desaparecer na hora em que o jogo for colocado a venda. É sempre assim.

Fiquei pensando se apesar da transformação de Shay em caçador, se ele não vai se redimir durante a trama (1), descobrir que foi manipulado de alguma forma (2), se ele vai sobreviver (3), morrer (4), ou se ele será um vilão e ponto final (5), alternativa essa que me seduz bem mais. Heróis são interessantes, mas o entretenimento atual está saturado deles.

Já temos muitos deuses dos raios, homens de ferro, de aço, e limitamos os escritores no cumprimento da sua missão de produzir arte. Personagens tem o direito de serem cruéis, traidores, trapaceiros, irritantes, traumatizados (..), sem a necessidade de ter um gene de heroísmo em seu DNA. Ou ao menos um que seja tão evidente. Eu vivo por um mundo assim, de maior liberdade criativa.

Assassin's Creed: Rogue está em desenvolvimento e será lançado para PS3 e Xbox 360 no dia 11 de novembro.



Detalhe: Shay é dublado pelo Alexandre Moreno, que também é a voz do Gato de Botas em Shrek.
Orgasmos nerds!


EDIT: saiu um ótimo vlog do canal GameplayRJ com uma tonelada de informações sobre "Rogue", entre elas a confirmação oficial da ligação com Assassin's Creed: Unity. Vale a pena assistir.